quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Flagrantes de Sydney, Austrália

[Da série Uma brasileira na Austrãlia]
Vagabundeando pela cidade, a gente descobre:
Os parques são muitos, lindos e preservados. Este é o Hyde Park (há tendência a repetir os nomes londrinos), bem no centro da cidade. A bandeira é um outdoor, um anúncio. Todos os anúncios públicos têm de ser assim, em forma de bandeiras, pregadas nos postes. Isso impede a poluiçâo visual e enfeita a cidade.

Linguagem universal...
(Trata-se de uma joalheria)

Parece um hotel, mas é um pub (bar). A cidade está cheia deles, o povo aqui bebe bem. Como na Inglaterra, antigamente os pubs funcionavam também como hotéis, decerto para abrigar os bêbados que não conseguiam sair do lugar... Hoje, os bêbados que se virem - mas os letreiros continuam os mesmos, confundindo-nos.

Tudo é muito bem sinalizado. Difícil se sentir perdido, na cidade ou no campo.

Deus também precisa descansar. ..

* Fotos de Luiz Carlos Figueiredo

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sydney, onde água e cidade se encontram







[Da série Uma brasileira na Austrália]

Sempre se caracterizou por ser bom porto. Sua baía acalma as águas nem sempre pacíficas do Pacifico, trazendo-as para uma infinidade de reentrâncias, pequenas penínsulas, praias, escarpas íngremes, áreas verdes, nas quais a cidade se espalha e se oferece, indolente e esplêndida, aos nossos olhos, nos tirando o fôlego.

Água, sol, mar, regiões verdes e urbanismo se encontram e se harmonizam em Sydney. A cidade foi sendo construída aos poucos, nota-se que nela nada surgiu de repente: a ponte é da década de 1920, a Opera House, iniciada na década de 50, ficou pronta em 1973, o trem ligando o aeroporto a vários bairros veio em 2000, com as Olimpíadas, a reurbanização de áreas ainda prossegue.

Habitada pelos aborígenes do grupo Eora desde tempos imemoriais, no final do século XVIII a área de Sydney foi ocupada pelos ingleses, que aqui mandaram até o início do século XX, quando a Austrália se tornou país independente, membro da Commonwealth (até hoje a rainha Elizabeth tem o maior prestígio por aqui).

Situada no único país ocidental no Extremo Oriente, cidade inglesa na Ásia, Sydney hoje reúne uma mistura incrível de gente do mundo inteiro. Seus cerca de 4 milhões e meio de habitantes abrigam europeus das mais variadas origens (das ilhas britânicas, mediterrâneos, escandinavos, ultimamente muitos da Europa de Leste), asiáticos de tudo quanto é parte, os de olhinhos puxados - e tome Timor Leste, ilhas Fiji, Cambodja, Tailândia, muuuuuuuuuuuuutos chineses, fui observando a diversidade de seus tipos e o tamanho da minha ignorância -, e os de olhinhos não puxados, que tanto podem ser de Samoa como do Libano, do Irã, da Índia ou do Afeganistão... Brasileiros também, claro! Concentram-se na linda praia de Bondi (pronuncia-se "Bondai"), que se parece com muitas das nossas.

É isso: na extrema diferença deste lugar do outro lado do mundo, nós, brasileiros, nos identificamos imediatamente com a informalidade da cidade, a energia do seu povo jovem, incluindo muitas crianças - devido à necessidade de aumentar a pequena população de 22 milhões, o país oferece incentivos em dinheiro para cada criança nascida aqui, por ocasiâo do nascimento e até os cinco anos de idade - , nós nos identificamos na hora com o jeito litorâneo, sorridente, o clima quente, a beleza das águas, a pouca roupa, o modo acolhedor e, principalmente, com a mistura de gente que é a cidade de Sydney.

Por causa do Rio de Janeiro e de outras lindezas da costa, nós somos exigentíssimos em matéria de topografias de cidades litorâneas. Com ou sem razão, torcemos o nariz para todas as maravilhas do tipo que nos apresentam no mundo, como Nice, Istambul, Tripoli, etc., pensando sempre: Ah, mas o Rio é mais bonito! Sydney, porém, balança nossa concepção ufanista. Ontem me peguei pensando: Essa baia é tão linda quanto a da Guanabara...
*Fotos de Luiz Carlos Figueiredo, ainda sem tratamento.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Na rota do sol - Austrália


[da série Uma brasileira na Austrália]

A viagem até Sydney foi menos cansativa do que imaginávamos - muitas horas, sim, mas tivemos sorte, Luiz (meu marido e companheiro de viagem) e eu viemos confortavelmente deitados em bancos de três lugares. Donde se conclui, mais uma vez, o óbvio: o bom do mundo é dos ricos e dos muito ricos, que, nas suas primeiras classes e classes executivas, sempre viajam esparramados... Achei a Qantas excelente, os comissãrios de bordo, simpáticos, não pararam de oferecer comidinhas, bebidinhas e agrados, tornando o vôo o melhor possível.

Para mim, o mais interessante da viagem foi vivenciar o dia mais longo da minha vida - embarcamos às 14.30hs em Buenos Aires, e, depois de viajarmos quase quinze horas, ainda continuávamos à luz do dia, ainda víamos o sol! Voamos, portanto, não apenas em direção ao futuro, mas junto com o sol. Foi lindo.

Levei uns dias para me acostumar à diferença brutal de fusos horários. Para mim, o melhor foi deixar o organismo à vontade, dormindo e acordando quando quisesse, e assim aos poucos ir entrando no eixo (ou saindo de vez). Demorei dias para postar aqui por uma só e simples razão, mas desesperante - como não trouxe meu laptop, não conseguia escrever em português, nos computadores que encontrava. Alguém menos anarfanet do que eu teria resolvido isso com facilidade. Agora, entretanto, que mais ou menos consegui me ajeitar neste teclado aqui, pretendo tirar a diferença.

Estou absolutamente fascinada pela cidade de Sydney.
Razões no próximo post.

*Vejam na foto (de Luiz Carlos Figueiredo) como cidade e mar se integram.

domingo, 15 de novembro de 2009

Viajando rumo ao futuro - Austrália

Daqui a poucas horas, começarei uma viagem rumo ao futuro. Sim, parto para a Austrália, logo ali, do outro lado do globo terrestre, no Oceano Pacífico. Nessa época do ano, a Austrália está 14 horas à frente de Maceió , onde moro, 13 horas à frente das áreas do Brasil com horário de verão. Por isso é que, todo 31 de dezembro, assistimos primeiro, na TV, os fogos iluminarem a linda Opera House de Sydney. Quando eu chegar em Sydney, meu avião terá feito a extraordinária rota do futuro, e meus conterrâneos no Brasil estarão no... passado!

Do Brasil, pode-se ir à Austrália via África do Sul, via Oceano Pacífico, ou via Emirados Árabes (pela Emirates). Meu marido Luiz, grande companheiro de vida e aventuras, e eu vamos pela rota do Pacífico, um pouco mais próxima (!), e que dispõe da comodidade de um vôo direto desde Buenos Aires (Buenos Aires-Sydney), pela Qantas, a empresa australiana (sempre me perguntei onde foi parar o "u"). Assim, faremos Maceió-SPaulo hoje, S. Paulo-B.Aires amanhã cedo, depois passaremos 4 horas perambulando pelo aeroporto de Ezeiza, até embarcar para Sydney, onde chegaremos no final da tarde de terça-feira, seja lá o que isso signifique. Coisa simples: 21 horas e meia de vôo, de ponta a ponta, fora os intervalos entre os vôos e a chegada ao aeroporto de S.Paulo 3 horas antes do embarque, para a viagem internacional. Se virem passando pelo céu uma mão solta de brasileira, dando adeus, é a minha. Despregou-se do meu corpo durante a travessia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Viajar é narrar


Sou leitora antiga e ávida de literatura de viagem, adoro acompanhar emoções e aventuras das pessoas em terras estranhas, desconhecidas para elas. Sou daquelas fanáticas mesmo, gosto de tudo no gênero, desde clássicos como as viagens de Heródoto, as mansas inverdades de Marco Pólo, os relatos de viajantes estrangeiros no Brasil, A ilha do tesouro, Passagem para a India etc., até aquelas narrativas enlouquecidas, inventadas, de piratas, náufragos e mocinhas raptadas por bandidos terríveis vivendo todos em ambientes exóticos e perigosíssimos, escritos na mais legítima subliteratura...

Tenho me lembrado disto porque estou me preparando para uma viagem de um mês para, literamente, o outro lado do mundo: a Austrália. Ando com vontade de registrar aqui no blog minhas aventuras e desventuras, em textos curtos e o mais desprovidos possível de auto censura, dos filtos do politicamente correto, das informações exatas etc.: afinal, o que mais me encanta em relatos de viagem é justamente o estranhamento.
"Uma brasileira na Austrália". Que tal? Vale a pena? Será que consigo?
*Imagem: criação de Rooney Mathews, que encontrei neste blog sobre brinquedos.