poema inútil
Irascível, o poeta resolve rever a própria obra.
Elimina oitenta e nove por cento dos poemas.
“Ruins, péssimos”. Dos onze por cento restantes,
extermina metade, vocifera: “Dispensáveis”.
Ah, poeta!
Não vês? As melhores coisas não servem
rigorosamente para nada. Existem. Simples
assim. Ofertam-se ao mundo, apesar de
certos seres humanos e poetas carrancudos,
a quem, aliás, não dão a mínima importância.
Ah, poeta!
Dá-me todos os versos que jogaste fora. Pesca-os
com paciência, alguns talvez não queiram retornar.
Faz com eles um buquê desajeitado e me oferta.
Adoro coisas inúteis: flores azuis, gargalhadas,
longos pescoços que se curvam graciosos ao luar,
o esperar dos velhos à janela e
Poemas.
Janaína Amado
Irascível, o poeta resolve rever a própria obra.
Elimina oitenta e nove por cento dos poemas.
“Ruins, péssimos”. Dos onze por cento restantes,
extermina metade, vocifera: “Dispensáveis”.
Ah, poeta!
Não vês? As melhores coisas não servem
rigorosamente para nada. Existem. Simples
assim. Ofertam-se ao mundo, apesar de
certos seres humanos e poetas carrancudos,
a quem, aliás, não dão a mínima importância.
Ah, poeta!
Dá-me todos os versos que jogaste fora. Pesca-os
com paciência, alguns talvez não queiram retornar.
Faz com eles um buquê desajeitado e me oferta.
Adoro coisas inúteis: flores azuis, gargalhadas,
longos pescoços que se curvam graciosos ao luar,
o esperar dos velhos à janela e
Poemas.
Janaína Amado
32 comentários:
poema, diria, indispensável.
Rapaz! Veja só que poema bonito, pelo menos pela minha dispensável crítica. Apenas gosto. E não vou jogar fora este meu gostar. Brigado.
Gostei demais também. Lembrou-me muito "Elegia" de Quintana, poema no qual ele vai elencando as coisas aparentemente inúteis e deslocadas do mundo. Abraços, Janaína.
Muito estimulante! Por conta de
minhas neuroses e vigilância exagerada, já joguei muito trabalho fora, pensando que jamais alguém poderia ver aquilo. Morreria de pejo. Me animo, agora, a conservar alguma coisas da qual hoje me arrependo. Obrigada pelo estímulo. Maria Rosa, Chapecó.
Maria Rosa, obrigada pela sua visita e comentário. Apaguei 3 repetições do seu comentário. Quando quiser comentar aqui - faça isso! -, basta clicar uma vez no "enviar comentário". Bernardo, anônimo e aeronauta, valeu muito pelo estímulo, quem sabe um dia eu acredito que sou poeta (ao menos estou poeta, he he). Não conheço o poema de Quintana, vou tentar localizá-lo.
Janaina, por favor não desista e muito menos rasgue os poemas que não lhe agrada, os leitores nem sempre tem o mesmo rigor, tem visão diferente.
Você sabe de qual poeta estou falando.
Geraldo de Majella
Pescar versos e sentimentos!
Lindo demais
Saudades sua!
Denise
Que coisa bonita, Janaina, e, sim, indispensável. Beijos
"As coisas sem importância são bens de poesia" disse o poeta Manoel de Barros.
Teu poema é para ser guardado...
carinhos Janaína
Bonita cadência, ritmo diferente e contagiante.Ótimo conteúdo, mas o ritmo... chama a atenção. Adorei. Vou clicar para voltar e ler de novo.
Pois é, sou só mais um a dizer que vale a pena escrever. Está lindo. Gostei
Janaína,
Lindo! Parabéns!
beijos,
Cecile
Mea culpa, mea maxima culpa! Senti que essas pedradas são atiradas na minha vidraça, à sorrelfa. Estou vestido de carapuça. Só porque dei entrevista dizendo que 90% de meus poemas deviam ser jogados fora, aproveitando apenas 10%. Sou perfeccionista, confesso. Mas, posso fazer um esforço para ser um pouco mais relaxadinho. Aumento meus 10% para, talvez 30%. porém, se vocês acham que qualquer coisa deve ser publicada, pois bem, até o final do ano vocês vão ter que engulir 100% das minhas novas poesias! Tenho dito! O tempora, ó mores! Sydney Wanderley.
Você arrasa!!!!
Puxa, sinceramente estou espantada com a repercussão deste poema. Muito obrigada aos que gostaram dele, vcs. nem imaginam o incentivo que isto é para mim. Ótimos também os que, como Maria Rosa, vão guardar seus escritos, e aqueles, como Geraldo de Majella, que, em nome dos leitores, pede a autores que poemas não sejam destruídos.
Apareceu até um certo poeta de carapuça, nos ameaçando a tods com a exibição de 100% (!)de sua poesia até o final do ano? Sidney, sugiro que cumpra a promessa, criando um blog e nos oferecendo integralmente a sua poesia de alta qualidade!
É assim mesmo! «as melhores coisas não servem para nada».
Adorei o poema.
Beijinho
Agora, danou-se. Não é que já há
gente escrevendo por mim - e bem
melhor do que eu. Ocorre que meu
alter ego se assina Sydney, e não
Sidney. Salvo por uma vogal, ufa!
O verdadeiro Sidney Wanderley,
com ou sem carapaça.
Eu disse carapaça? Leia-se
carapuça. Ó tempo! Ó desme-
mória!
Sidney Wanderley, o vero.
Ai ai, mais uma poeta na minha listinha...
Janaína, muito grato e honrado com a sua visita lá no meu "casebre".
Bela a sua poesia, bem ilustrada, por sinal.
Um grande abraço.
Não acredito que este é Sidney Wanderley de, por exemplo,Desde Sempre, cuja poesia eu adoro e até tem algumas palavras minhas nas "orelhas"! Se for, que bom encontrar Sidney - um poeta raro, dizia eu na ocasião- na blogosfera..
Janaína,
Frequentador assíduo(cotidiário) do seu delicioso blog, este vate
em permanente crise é presentea-
do com mais uma surpresa: Gerana
Damulakis, esta crítica pra lá de
arguta e informada, "pintando no pedaço". Um grande abraço pra vo-
cê e pra Gerana,
do Sidney Wanderley, o vero.
É o mesmo, sim, Gerana, nosso querido amigo, o poeta Sidney Wanderley. Saiu uma matéria aqui na "Gazeta de Alagoas", em que ele disse que só agüenta ler 10% dos seus poemas. Inspirada nisso, escrevi "poema inútil". Daí, além dos leitores que comentaram o meu poema, surgiu uma brincadeira danada entre amigos aqui e torno o Sidney, apareceu até um falso Sidney, o Sydney (com y), e... tudo desembocou em você! Que bom! Você deve vir aqui, pra gente se conhecer pessoalmente. Abração!
Uai! Temos dois poetas: o Sidney e o Sydney, a dupla Si-Sy, ou Sy-Si. Poesia em dobro. Ganhamos nós. Que venham os 200%! João do BH.
Pô, Jana! estou chegando atrasadésima. Todo mundo já gostou de seu poema antes de mim. Mas eu gostei mais. Pronto!
Seu poema indispensável, adorei
Também adoro coisas dispensáveis por tantos, aos seus olhos inúteis e aos meus, poesia.
lindo dia flor
beijos
Ficou lindo esse buquê formado por versos tão bonitos.
São preciosidades.
Um beijo querida.
muito lindo
e
verdade
xaxuaxo
Vim visitar teu blogue e gostei muito. Adorei o poema. Um beijo!
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