[Neste ano em que se comemora o centenário da imigração japonesa no Brasil, esta pequena história, verídica, ouvida há poucos dias no interior de São Paulo, é dos primeiros anos dos japoneses aqui. Ela dá uma idéia da distância abissal entre os dois mundos que então começavam a se tocar:]
O japonês desembarcou em Santos. Na alfândega, o fiscal implicou:
— O que é isto que você traz aí? – apontou para um pacote no colo do outro.
O japonês não entendeu a pergunta, mas entendeu o dedo apontado do fiscal. Agarrou seu pacote com força.
— Você não pode entrar sem eu saber o que tem nesse pacote. Anda, abre!
Assustadíssimo, sem emitir um som o japonês agarrou-se ainda mais ao pacote.
O fiscal perdeu a paciência: rasgou o papel, abriu a tampa de uma espécie de vaso, enfiou o dedo lá dentro, colocou o dedo na boca e, não reconhecendo o gosto, decidiu:
— Você não sai daqui enquanto eu não souber o que é isto! E mandou o auxiliar buscar o único sujeito na cidade que entendia japonês.
Tempos depois, chegou o intérprete.
— Pergunta pra esse japonês idiota o que é que ele está trazendo aí!
Resposta do intérprete:
— Ele disse que são os restos mortais do pai...
O japonês desembarcou em Santos. Na alfândega, o fiscal implicou:
— O que é isto que você traz aí? – apontou para um pacote no colo do outro.
O japonês não entendeu a pergunta, mas entendeu o dedo apontado do fiscal. Agarrou seu pacote com força.
— Você não pode entrar sem eu saber o que tem nesse pacote. Anda, abre!
Assustadíssimo, sem emitir um som o japonês agarrou-se ainda mais ao pacote.
O fiscal perdeu a paciência: rasgou o papel, abriu a tampa de uma espécie de vaso, enfiou o dedo lá dentro, colocou o dedo na boca e, não reconhecendo o gosto, decidiu:
— Você não sai daqui enquanto eu não souber o que é isto! E mandou o auxiliar buscar o único sujeito na cidade que entendia japonês.
Tempos depois, chegou o intérprete.
— Pergunta pra esse japonês idiota o que é que ele está trazendo aí!
Resposta do intérprete:
— Ele disse que são os restos mortais do pai...
15 comentários:
melhor do que o homem quase sentando sobre um pacote, a mulher do lado disse, "cuidado com os ovos!" o homem todo cuidadoso estendeu a mão para pegar o pacote dizendo "ó... são ovos..." a mulher do lado, "não! são pregos".
OLá Janaína!
Vim lá do Lord para te ver.
Gostei de ver sua história do japonês recém-chegado.
Cresci (o pouco que cresci né?) em uma região no interior de S Paulo, de uma grande colônia japonesa, e lá sempre ouvimos grandes histórias.
Umas engraçadas, outras muito tristes, mas histórias reais.
Dei uma passeada por aqui.
Parabéns pelo blog.
Um beijo
Maria, isso é que viajar na história - adorei seu final!
Oi, Aninha, muito obrigada por essa sua primeira visita — sinta-se à vontade, esta casa é sua, foi preparada pra gente amigável que queira se tornar amiga, como você. Vou lá conhecer sua casa agora!
olá janaína, tb vim aqui 'via' lord. e gostei. a historia do japonês me lembrou uma outra, tristemente real, vivida por mim mesmo. embarcando em cumbica para fortaleza, levava as cinzas do meu pai pra jogar nos 'verdes mares do ceará'. e não é que o idiota da PF queria que eu abrisse a caixinha de qualquer jeito?! foi uma briga danada, um baixo astral do cacete, mas finquei pé, não abri e embarquei.
Jana,
Bela história. Talvez por isso, quando se tornam brasileiros, os japoneses sejam sempre tão desconfiados.
Beijo grande
Jana,
o "mundinho" do seu contador é mais bonito do que o meu! risos de criança!
Beijinhos de maria
Márcio,
Ainda bem que você pôde espernear em português, coisa que o japonês não sabia... Imagino sua raiva. Que bom que você chegou até aqui, volte sempre!
Lord, veja quantos amigos seus em visita aqui, daqui a pouco a gente tá formando um grupo só - obrigada!
Os japoneses sofreram muito no Brasil também durante a 2ª guerra. Mas isso é passado, e acho que hoje já estão bem mais à vontade, não é?
Maria, mas o seu mundinho é bem mais populoso, he he
Oi, Janaína,
se o Lord Caco ordena, obedeço correndo! E só não corri antes, porque estive fora nos três últimos dias.
Não sei se você se lembra de mim, mas estive no lançamento do livro/correspondência dos Ramos/Amado, do qual você participou, e já nos esbarramos mais vezes, aqui e ali.
Li seus textos todos, e pode ter certeza de que, de agora em diante, terá mais uma leitora fiel. De vez em quando silencio, o que não segnifica que não esteja lendo, tá legal?
Beijos, e parabéns!
Vivina.
Janaína,
pronto: a Vivina chegou, agora a roda está completa. Eu? em casa, completamente.
Beijo, menina
ps: fiquei com pena do japa, aí da sua história. Mas acho que eles já se adaptaram e bem. Hoje, eles dão as cartas.
Beijo, menina
Obrigada, Janaína, pela visita lá no Aeronauta. Esta casa aqui sua é muito boa para uma visita. Também voltarei sempre. Abraços.
Vivina, eu até liguei pro Lord, pra saber se era você mesma -- eu sou fã absoluta dos seus textos!"O dia de ver meu pai" foi o primeiro que conheci (li pro meu filho), adorei "O Mundo é pra ser Voado", e curti seu texto no Brincando na Rede (onde tem um meu, também). Puxa, que bom ter você por aqui - não deixe de voltar, viu? Adorei o grupo de vocês!
Valter, êta roda boa, sô!
Aeronauta, vamos nos visitando e conversando, não é mesmo? Ótimo que você fez essa visita.
Janaína,
viu? Estamos quites. Te leio, você me lê, tudo certo.
Fiquei emocinada com o que você disse sobre os livros. Eles dão tanto trabalho, escrever é tão difícil, que um comentário como o seu faz um bem enorme. Te agradeço.
Quanto á "turma" do Lord, como você tá vendo, só tem gente boa e receptiva. Tanto, que até eu, que não tenho blog nem nada, nem me lembro disso, sou aceita como se tivesse!
Beijo da
Vivina.
A história é verdadeira. Ocorreu durante a imigração japonesa, 1935, com um japonês vizinho de outro japones,Uemura, pai do Uemura filho, massagista em S. Joaquim da Barra, SP, quando foram morar numa fazenda de café, no município de Guaíra, SP.
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