terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sydney, onde água e cidade se encontram







[Da série Uma brasileira na Austrália]

Sempre se caracterizou por ser bom porto. Sua baía acalma as águas nem sempre pacíficas do Pacifico, trazendo-as para uma infinidade de reentrâncias, pequenas penínsulas, praias, escarpas íngremes, áreas verdes, nas quais a cidade se espalha e se oferece, indolente e esplêndida, aos nossos olhos, nos tirando o fôlego.

Água, sol, mar, regiões verdes e urbanismo se encontram e se harmonizam em Sydney. A cidade foi sendo construída aos poucos, nota-se que nela nada surgiu de repente: a ponte é da década de 1920, a Opera House, iniciada na década de 50, ficou pronta em 1973, o trem ligando o aeroporto a vários bairros veio em 2000, com as Olimpíadas, a reurbanização de áreas ainda prossegue.

Habitada pelos aborígenes do grupo Eora desde tempos imemoriais, no final do século XVIII a área de Sydney foi ocupada pelos ingleses, que aqui mandaram até o início do século XX, quando a Austrália se tornou país independente, membro da Commonwealth (até hoje a rainha Elizabeth tem o maior prestígio por aqui).

Situada no único país ocidental no Extremo Oriente, cidade inglesa na Ásia, Sydney hoje reúne uma mistura incrível de gente do mundo inteiro. Seus cerca de 4 milhões e meio de habitantes abrigam europeus das mais variadas origens (das ilhas britânicas, mediterrâneos, escandinavos, ultimamente muitos da Europa de Leste), asiáticos de tudo quanto é parte, os de olhinhos puxados - e tome Timor Leste, ilhas Fiji, Cambodja, Tailândia, muuuuuuuuuuuuutos chineses, fui observando a diversidade de seus tipos e o tamanho da minha ignorância -, e os de olhinhos não puxados, que tanto podem ser de Samoa como do Libano, do Irã, da Índia ou do Afeganistão... Brasileiros também, claro! Concentram-se na linda praia de Bondi (pronuncia-se "Bondai"), que se parece com muitas das nossas.

É isso: na extrema diferença deste lugar do outro lado do mundo, nós, brasileiros, nos identificamos imediatamente com a informalidade da cidade, a energia do seu povo jovem, incluindo muitas crianças - devido à necessidade de aumentar a pequena população de 22 milhões, o país oferece incentivos em dinheiro para cada criança nascida aqui, por ocasiâo do nascimento e até os cinco anos de idade - , nós nos identificamos na hora com o jeito litorâneo, sorridente, o clima quente, a beleza das águas, a pouca roupa, o modo acolhedor e, principalmente, com a mistura de gente que é a cidade de Sydney.

Por causa do Rio de Janeiro e de outras lindezas da costa, nós somos exigentíssimos em matéria de topografias de cidades litorâneas. Com ou sem razão, torcemos o nariz para todas as maravilhas do tipo que nos apresentam no mundo, como Nice, Istambul, Tripoli, etc., pensando sempre: Ah, mas o Rio é mais bonito! Sydney, porém, balança nossa concepção ufanista. Ontem me peguei pensando: Essa baia é tão linda quanto a da Guanabara...
*Fotos de Luiz Carlos Figueiredo, ainda sem tratamento.

13 comentários:

Gerana Damulakis disse...

...ou tão linda quanto a baia de Todos os Santos.
Que delícia saber essas coisas. Continue curtindo muito. Mais beijos daqui.

clarice ge disse...

Janaína, viajar redimensiona o olhar, sem dúvida nenhuma. Pode-se viajar de várias maneiras... Neste momento pego carona e me transporto a Austrália nas asas de tuas palavras. Que bela visão tua descrição nos oferece.
Abração querida, que sigas desfrutando cada vez mais deste passeio e compartilhando conosco.

Anônimo disse...

que delíciaa!!!!!!

Divirta-se bastante, Janaina. Feliz por você e seu esposo!

Luma Rosa disse...

Janaína, o país muito me atrai, no entanto, o povo ainda não 'decifrei' e tenho algumas reservas. Depois, se puder fale sobre isto! (rs*) Beijus,

Ana Tapadas disse...

Lindas as fotos e muito elucidativo o texto.
Boa continuação.
Beijinhos

Anônimo disse...

Sydney, onde água e cidade se encontram, e onde, quem sabe, eu também me encontre. Esse Luiz Carlos é mesmo o mais relevante
discípulo do Robert Doisneau e Henri Cartier-Bresson. Anda
a produzir umas fotos de arrepiar.
Abração para vocês,do
SIDNEY, o WANDERLEY

terrasonora@portugalmail.pt disse...

A ed. Pluma Branca tem o prazer de anunciar o lançamento para o mês de Dezembro, o lançamento de um livro que promete revolucionar...

www.terrasonora-nunoviana.blogspot.com

Anônimo disse...

Maravilhosa descrição. Registro fotográfico impecável (precisam de tratamento coisa nenhuma). Janaína, você reúne conhecimento cultural e a habilidade da escrita. Obrigado por compartilhar conosco!

Anônimo disse...

Janaina e Luiz, curtam a viagem nós, aqui no mundo, estamos curtindo as fotos e os textos.
Geraldo de Majella

nydia bonetti disse...

Esta cidade é mesmo fascinte, Janaína. Todo arquiteto e urbanista sonha em conhecê-la. Bom conhecer um pouco mais por você.

beijos!

dade amorim disse...

Jana, perdi uma chance de conhecer a Austrália há três anos, quando meu marido esteve lá. Fiquei aqui, por conta de compromissos de trabalho. Por isso estou curtindo muito teu texto e as imagens.

Valeu mesmo!

Beijos pra você e ótima viagem.

Aninha Pontes disse...

Jana querida:
As fotos estão lindas. E aproveitei que a Clarice pegou carona, e fui junto.
Viajamos juntas.
Um beijo e aproveite bastante. Tudo que puder.

Tucha disse...

Vou viajar na sua viajem, já que não posso, pelo menos por enquanto ir por ai. Acredito que qdo a gente viaja tem que aproveitar cada paisagem, não estabelecer comparações. E a baia da Guanabara é única! a de Sidney também.