
Amigos, cliquem no título deste post: é tão bom a gente se lembrar da beleza da nossa morada.
Literatura, história e o que mais der na cabeça: um blog que acredita na magia, liberdade, prazer e mistério da invenção e da criação.


Já tive muitos cachorros, jamais gatos. No entanto, tenho a maior simpatia pelos gatos, animais de personalidade. Alguns de meus amigos mais queridos são apaixonados por gatos. Minha filha Janice teve um gato, que dormia com ela, os dois abraçados, apesar de ela ser alérgica. Acho que, à época do início difícil da adolescência, ela concentrou naquele gato quase todo o afeto que possuía.
Elegiazinha
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.
Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.
Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.
Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.
Gatos não morrem: mais preciso
— se somem — é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso
e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.
Nelson Ascher
(Parte alguma. São Paulo: Companhia das Letras, 2005)
* Imagem daqui

